terça-feira, 13 de julho de 2010

EXEMPLO DE DEDICAÇÃO

JORNAL O PIONEIRO

Apesar de estudarem em contêineres, as duas turmas da 4ª série de 2009 da escola de Galópolis foram destaque no Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb). No quesito 1ª a 4ª séries, elas conquistaram o primeiro lugar entre as instituições de Caxias do Sul e a quarta melhor média no Estado

Caxias do Sul – Se um professor fosse questionado sobre as condições ideais de uma escola para facilitar o aprendizado dos alunos, não diria que um contêiner usado como sala de aula seria um bom ambiente de estudos. Mas os alunos das duas turmas de 4ª série de 2009 da Escola Estadual Ismael Chaves Barcellos, do bairro Galópolis, provaram que quem quer aprender o faz em qualquer lugar. No quesito 1ª a 4ª séries, eles conquistaram a melhor média da cidade no Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb), do Ministério da Educação, cujos resultados foram divulgados no dia 5 de julho. A nota de 6,9 também é a quarta melhor do Estado. O Ideb é um exame que avalia as séries iniciais de escolas estaduais e municipais de todo o Brasil nas matérias de português e matemática. A média do Rio Grande do Sul para a 4ª série foi de 4,9, superior à nacional, de 4,6.

Desde fevereiro do ano passado, cerca de 200 alunos, de um total de 484 estudantes matriculados na escola de ensino fundamental de Galópolis, ocupam as quatro salas de aula montadas dentro módulo metálico. O espaço foi improvisado porque um incêndio destruiu parte do prédio, em setembro de 2008.

Para a diretora da instituição, Sonia Beatriz Sbersi, a superação dos alunos no Ideb se dá devido ao acompanhamento da família e à dedicação dos professores, grande diferencial no aprendizado.

– É possível ensinar, independente do lugar onde tu estás. O papel da família é fazer com que a criança vá à escola, faça o tema de casa e leia. Quando ela acredita no trabalho da escola, está presente e acredita no professor que está dando aula para o filho dela não tem quem bata. E o professor, é claro, tem que ter amor por aquilo que faz, e isso todos têm aqui – comenta.

O bom desempenho da turma no exame é motivo de comemoração para a diretora:

– É isso que me dá ânimo, me faz pensar que ainda é possível.

A professora Daiane Pereira Vieira Lima, formada em pedagogia pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), deu aula para uma das turmas. Ela conta que a principal reclamação dos alunos que estudam nas latas era a temperatura. Segundo a professora, que não leciona mais na escola do bairro Galópolis, no verão as salas ficam muito abafadas, e no inverno é extremamente frio. Daiane afirma que a saúde dos alunos é prejudicada, mas não o ensino.

– Não é nada agradável dar aula em contêiner, mas a concentração não sai prejudica isso deu para ver até pela prova. Tanto eu quanto a outra professora passávamos por cima da questão dos contêineres e sempre tentávamos fazer com que eles conseguissem se concentrar e aprender. O lugar não interfere na aprendizagem, se o aluno tem interesse e a escola está emprenhada, isso é o que importa – afirma Daiane.

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