JORNAL O PIONEIRO
Cópias em versão reduzida de carros, motos, navios e objetos atraíram o olhar de dezenas de pessoas no fim de semana. A 4ª Mostra Caxiense de Plastimodelismo apresentou ao público cerca de 300 modelos. Em torno de 100 plastimodelistas participaram da iniciativa, que visa não só a exibição dos modelos, mas também instigar mais pessoas a experimentar a montagem de réplicas em miniatura com peças de plástico
Caxias do Sul – Se você for leigo no assunto e visitar uma exposição de plastimodelismo, cuidado com as expressões que vai usar. Jamais chame de brinquedos as miniaturas de carros, motos e navios. Nem em pensamento queira denominar de bonecos as minipessoas colocadas à mostra. As pequenas réplicas de objetos são modelos, e as imagens humanas devem ser chamadas de figuras.
Ah, e contenha a vontade louca de tocar nas peças. Numa mostra de plastimodelismo, tudo o que estiver em exposição deve ser apreciado apenas com os olhos, pois as réplicas são sensíveis. E, se, paralelamente ao olhar, você expressar sua admiração dizendo algo do tipo: “que perfeição!” ou “este navio parece real”, aí sim o expositor ganhará os céus. Para o plastimodelista, nada melhor do que alguém dizer que seu trabalho está fiel ao objeto em seu tamanho real.
Para quem não sabe, o plastimodelismo consiste na montagem de réplicas em escala reduzida com uso de peças de plástico. Os kits podem ser comprados em lojas ou pela internet. Para começar a montagem, são necessários alicate, estilete, lixa, cola especial e tinta.
Em Caxias, essa arte pôde ser conferida gratuitamente no fim de semana, durante a 4ª Mostra Caxiense de Plastimodelismo. Mais de 300 modelos ficaram em exposição no Martcenter Shopping, como resultado da dedicação de cerca de 100 plastimodelistas.
Os visitantes foram atraídos por miniaturas de Kombis, Fuscas, carros de Fórmula 1, veículos antigos, blindados, navios de guerra, barcos a vela, aviões e helicópteros, além de figuras de soldados e cavaleiros, entre tantas outras, reproduzindo os mínimos detalhes das originais. E a possibilidade de ver suas réplicas admiradas por dezenas de pessoas contagiou os participantes.
– Gosto disso desde criança. Tenho 29 modelos de carros montados em minha casa. Ficam numa cristaleira bem fechada. Nem meu filho de dois anos pode mexer. Ele até insiste porque acha que é brinquedo, mas não é brinquedo – explica o vendedor de autopeças Max Ribas, 31 anos.
Ribas procura estar em contato constante com seu hobby. Segundo ele, se reservar uma hora por dia, consegue montar dois carros por mês. Mas não pense que é só juntar uma peça à outra. O plastimodelismo exige pintura, adequação dos detalhes, compreensão sobre escala (a cópia de um carro, normalmente, é reduzida 24 vezes em relação ao tamanho normal) e conhecimento teórico. De acordo com o advogado André Brustolin, 37, é preciso ter noções de física (como se comporta o objeto), química (na parte de tintas) e história (a importância do objeto no contexto histórico). Depois de aprender a técnica com o pai, ele hoje gosta mais da linha naval.
– Os navios antigos são mais difíceis de montar, porque é preciso trazer para o agora algo de um tempo que você não viveu. Quanto mais antigo um modelo, mais difícil de torná-lo real. Este navio veleiro (em exposição) é chamado de clipper e era usado para saques em tempos de colonização. Tem espaço para acomodar o que foi retirado das colônias e armas apenas para a defesa. Ela não é uma caravela de ataque – relata Brustolin, ao mostrar uma de suas obras.
E não é apenas a montagem de réplicas que o plastimodelismo apresenta. Segundo um dos organizadores da mostra, Felipe Aguzzoli, 23, há também a construção de modelos (scratchbuilding) e a concepção de cenários (dioramas). O fresador Evandro De Carli, 47, cria as próprias miniaturas, como submarinos e tanques de guerra. Para esculpir essas peças, o modelista pode usar chapas de plástico, metal, papelão e massa de modelar, entre outros materiais.
– Comecei quando estava no Exército. Olhava modelos importados das pessoas com maior poder aquisitivo e criava meus próprios modelos. Prefiro as linhas da militaria e náutica – destaca De Carli.