quarta-feira, 30 de junho de 2010

UM EXÉRCITO PRONTO PARA SOCORRER

PIONEIRO DE CAXIAS
Preparar os serviços de resgate para atender acidentes com número alto de vítimas foi o objetivo de uma simulação segunda à noite, no Aeroporto Regional Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul. A iniciativa testou um plano que pode mobilizar todos os setores de emergência em poucos minutos

Caxias do Sul – Se um desastre aéreo ou outro tipo de acidente de grandes proporções ocorresse em Caxias, o tempo de resposta para o socorro das vítimas seria imediato e organizado. Isso ficou evidente na noite de segunda-feira, durante um exercício que simulou um acidente com 37 vítimas no Aeroporto Regional Hugo Cantergiani. A atividade envolveu 110 profissionais, entre médicos, enfermeiros, bombeiros, policiais, entre outros. O exercício serviu para testar o plano de contingência da Comissão Municipal de Defesa Civil (Comdec) e avaliar como agiriam os serviços de resgate diante de uma situação drástica. Foi o terceiro teste do gênero realizado em Caxias do Sul.

O Exercício Aeronáutico Complexo, como é chamado, levou em conta um desastre aéreo noturno. A Comdec queria saber quanto tempo bombeiros e ambulâncias levariam para chegar ao ponto do acidente. Estava sob avaliação também a organização e o primeiro atendimento às múltiplas vítimas, a recepção nos hospitais e os serviços de apoio no trânsito e nas comunicações. Em média, o aeroporto opera três voos diários com aviões de grande porte e 150 pousos e decolagens mensais com pequenas aeronaves.
– Foi importante para a integração entre os serviços. Os acidentes são imprevisíveis, por isso é necessário unir os esforços de socorro e organizá-los – ressaltou o presidente da Comdec, tenente-coronel José Francisco Barden da Rosa.

Cada grupo de feridos tinha um avaliador que controlava se o tempo e os procedimentos estavam dentro do esperado. Por exemplo: se uma pessoa com ferimentos graves era resgatada e medicada a tempo de se evitar a morte. A simulação durou 34 minutos, contados a partir do primeiro telefonema ao Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) até a última vítima ser levada ao hospital.

Barden explica que o procedimento mais importante em situações assim é a triagem dos feridos. Isso acontece porque os primeiros socorristas que chegam ao ponto do desastre enfrentam grandes problemas. Um deles é o cenário diferente do dia-a-dia. Por esse motivo, os métodos rotineiros não são aplicáveis nos grandes acidentes.

Segundo o coronel, se as equipes voltarem a atenção para reanimar uma ou mais vítimas, as outras com potencial de sobrevivência podem morrer. A regra é fazer uma seleção dos feridos graves e não-graves para agilizar o socorro médico.
– Em um acidente real é preciso observar todos os detalhes, o que implica na triagem rápida dos feridos, no posicionamento correto dos veículos e na competência de cada órgão – alerta Barden.

Segundo o comandante operacional do Corpo de Bombeiros, capitão Márcio Leandro Silva da Silva, a simulação serviu para mostrar ao município que existe um plano de ação para enfrentar grandes desastres. Diversos funcionários de hospitais, serviços de resgate, policiais e outros servidores foram capacitados na corporação, em uma parceria com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Conforme Márcio, os hospitais puderam fazer uma avaliação das equipes de plantão e a estrutura é suficiente para receber um grande número de feridos.
– Estamos prontos para esses enfrentamentos. Isso pode ser aplicado em acidentes aéreos ou com ônibus, por exemplo – explica o capitão.
O desafio agora, segundo Márcio, é estender esse atendimento a cidades vizinhas que não possuem a estrutura de Caxias, dentro de um plano de auxílio mútuo.

ADRIANO DUARTE

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